Quando Voltou Definitivamente Para O Brasil, Clarice Lispector Não Teve Dúvidas E Escolheu O Rio De Janeiro Para Fixar Residência E Criar Seus Filhos. Como Cronista, Sempre Procurou Seus Temas Nas Ruas Da Cidade Ou Em Conversas Com Seus Mais Bem Informados Habitantes. Em Crônicas Para Jovens: Do Rio De Janeiro E Seus Personagens, A Autora Conduz O Jovem Leitor A Um Instigante Passeio Pela Cidade Maravilhosa Por Meio De Suas Crônicas. O Mar E A Floresta São Presenças Constantes Em Seus Textos. O Murmúrio Do Oceano Atlântico, Que Ela Ouvia Do Terraço Do Seu Apartamento, Costumava Acalentar Suas Insônias. E Crônicas Como “um Reino Cheio De Mistério” E “o Ato Gratuito” Foram Inspiradas Em Suas Frequentes Visitas Ao Jardim Botânico. Além De Contemplar A Natureza Privilegiada Do Rio De Janeiro, As Crônicas Cariocas De Clarice Têm Na Vida Cotidiana Da Cidade O Ponto De Partida Para Relatos, Como Os De Empregadas Domésticas Ou De Motoristas De Táxi, Que Quase Sempre Se Desdobram Em Considerações Metafísicas. Um Exemplo Disso É A Crônica De Abertura, Intitulada “perdoando Deus”, Que Começa Assim: “eu Ia Andando Pela Avenida Copacabana E Olhava Distraída Edifícios, Nesga De Mar, Pessoas, Sem Pensar Em Nada.” Com O Título, A Crônica Trata De Uma Especulação Tipicamente Clariciana Sobre A Condição Humana E Sua Relação Com O Divino. Nessa Coletânea De Crônicas – Terceira De Uma Coleção Que Reúne Textos De Clarice Selecionados Por Temas, Com O Objetivo De Apresentar A Faceta Cronista De Umas Das Maiores Escritoras Brasileiras Às Novas Gerações –, O Leitor Conhecerá Tanto O Rio Pessoal E Secreto Da Autora Quanto O Coletivo, Numa Mescla Hábil Do Espírito Carioca Com Seu Modo Único De Ver O Mundo. Apesar De Sua Experiência Jornalística, Clarice Consegue Somar O Campo Ficcional Ao Campo Jornalístico Em Temas Que, Mais Tarde, Seriam Aprofundados Em Sua Obra Literária.